No ano de 1932, era instalada na comarca de Botucatu a 25ª subseção da OAB/SP. Naquele ano, o jornal Diário Nacional noticiava a organização da seccional e de suas subseções relacionando os advogados inscritos. Sobre as inscrições em Botucatu, o jornal listou os seguintes nomes:
"Foram considerados inscritos os seguintes advogados: bacharéis Sebastião Villas Boas, Lucio Queiroz de Moraes, José Freire Villas Boas e João Candido Villas Boas..." Diário Nacional, 1932
Diário Nacional, 1932
Dentre os nomes citados pelo jornal Diário Nacional, estava o primeiro presidente da subseção, o dr. Sebastião Villas Boas, nascido na cidade de Botucatu e bacharel em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, desde 1920.
A eleição da primeira diretoria, realizada um ano após sua instalação, foi assim descrita pela Ata da subseção:
"Aos vinte e seus dias do mês de março de mil novecentos e trinta e três, nesta cidade de Botucatu, sede a 25ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, secção de São Paulo, no salão do Jury do edifício do Fórum (...) a apuração da eleição em sessão pública com a observância das formalidades legais, verificou-se o seguinte resultado: para presidente, dr. Sebastião Villas Boas..." – Ata da Primeira Eleição, 1933
1ª Diretoria
Presidente: Sebastião Villas Boas
Vice-Presidente: Luciano Queiroz de Moraes
1º Secretário: José Damião Pinheiro Machado
2º Secretário: José Molina Quartin
Tesoureiro: Benedito Ciro Rosa
Como visto em ata, inicialmente as reuniões e atividades da 25ª Subseção aconteciam em salas do Fórum da cidade. No entanto, devido ao aumento de advogados inscritos na subseção, era fundamental que a sede possuísse um local com dimensões mais amplas para o atendimento da classe da população.
No final da década de 1980, a Ordem cogitou a possibilidade de instalar a sede nos altos do Centro Cultural de Botucatu na época gerido pelo advogado Amaury Rodrigues de Campos. A proposta foi levada ao então prefeito municipal, Antônio Jamil Cury, solicitando a doação definitiva do local onde se encontrava o Centro Cultural para que na parte térrea se instalasse o Centro e nos altos a 25ª Subseção da Ordem dos Advogados.
A Câmara Municipal da cidade, através do Projeto de Lei n.82 de 27 de novembro de 1987, autorizou o prefeito Antônio Jamil Cury a doar o imóvel ao Centro Cultural de Botucatu e à OAB. Assim, a Casa do Advogado, situada na Praça XV – região central de Botucatu – foi inaugurada no dia 16 de janeiro de 1991 ao final da gestão do dr. José Ricardo de Oliveira.
Em 2013 a Prefeitura de Botucatu inaugurou o espaço Casa do Cidadão, local que reúne serviços de justiça, relações do trabalho e defesa do consumidor e uma sala de orientações da OAB.
Diretoria Atual – Gestão 2016/2018
Presidente: André Murilo Parente Nogueira
Vice-Presidente: Sandro Roberto Nardi
Secretário Geral: Nuno Augusto Pereira Garcia
Secretária Adjunta: Dayse Cristina de Almeida Dias
Tesoureiro: Carmino De Léo Neto
Galeria de ex-presidentes
1933/1936 – Sebastião Villas Boas
1937/1938 – Zaé Mariano Carvalho do Nascimento
1939/1948 – José Damião Pinheiro Machado
1949/1952 – Rubens Rodrigues Torres
1953/1954 – Rafael de Moura Campos
1955/1956 – Rivaldo de Assis Cintra
1957/1960 – Osmar Delmanto
1961/1962 – Amando de Barros Sobrinho
1963/1968 – Mário Rodrigues Torres
1969/1970 – José da Silva Coelho
1971/1972 – Agostinho José Rodrigues Torres
1973/1974 – Antônio Tílio Junior
1975/1984 – Amando de Barros Sobrinho
1985/1988 – Antônio Herminio Delevedove
1989/1990 – José Ricardo de Oliveira
1991/1994 – José Luiz Coelho Delmato
1995/2000 – Vasco Bassoi
2001/2003 – José Eduardo Rodrigues Torres
2004/2006 – Ruy Gorayb Júnior
2007/2009 – José Eduardo Rodrigues Torres
2010/2012 – Samir Daher Zacharias
2013/2015 – André Murilo Parente Nogueira
Um pouco mais de história....
Botucatu em 1932
Durante a emersão oficial da Ordem dos Advogados no Estado de São Paulo, acontecia um dos maiores movimentos cívicos no Brasil: a Revolução de 1932.
Naquele ano, houve uma intensa mobilização por todo o Estado tendo participação de diversas cidades do interior. A cidade de Botucatu era reconhecida como estratégica na região central, contribuindo nas atividades, indo desde coleta de fundos na famosa campanha "Ouro para o bem de São Paulo", até o envio de enfermeiras e paramédicos junto à organização humanitária, Cruz Vermelha, para as frentes de batalha.
Historicamente, Botucatu se destacou pela participação da igreja católica durante a Revolução. Sabe-se que o Bispo da cidade, Dom Carlos Duarte da Costa, doou parte do tesouro da Diocese de Botucatu e organizou um batalhão conhecido como "Batalhão do Bispo".
A Revolução Constitucionalista contou com o forte apoio da imprensa, que constantemente compartilhava notícias sobre aquele momento. O jornal Correio de S. Paulo, noticiou a formação do Batalhão pelo Bispo de Botucatu:
"Afim de tratar da oficialização de um batalhão diocesano que desejava organizar em Botucatu, esteve na Capital o bispo d. Carlos Duarte da Costa, que ontem regressou para sua diocese (...). Ontem, finalmente, o batalhão diocesano de Botucatu foi reconhecido tendo sido feita a seguinte comunicação do MMDC, ao major dr. Luiz Antonio Fleury de Assunção, delegado técnico de Botucatu: ‘Pedimos a v.s. dispensar todo o apoio e coadjuvação que estejam no seu alcance, ao batalhão diocesano de Botucatu, ali organizado sob o patrocínio de d. Carlos Duarte da Costa, bispo da diocese...’", Correio de S. Paulo, 1932
Correio de S. Paulo, 1932
Além disso, Botucatu fez parte da composição da "Brigada do Sul", constituído pelas cidades de Bauru, Itapetininga e Itu, comandando pelo general Ataliba Leonel. O Jornal Correio de S. Paulo comentou sobre esse momento:
"Foi distribuído nesta capital e no interior o seguinte manifesto: ‘Aos nossos compatriotas – Pelo coronel Julio Marcondes Salgado, comandante em chefe da Força Pública do Estado, incorporada às tropas revolucionárias nacionais constitucionalistas, foram nomeados organizadores e comandantes de quatro corpos de voluntários, componentes da Brigada do Sul. Foram designadas para desse desses corpos as cidades de Itu, Bauru, Botucatu e Itapetininga...", Correio de S. Paulo, 1932
Correio de S. Paulo, 1932
Contando três meses de intensos conflitos armados, ao fim da Revolução, diversas cidades já haviam sido tomadas, forçando os revolucionários a se renderem. No entanto, foi através deste movimento popular que o país conseguiu conquistar direitos como, por exemplo, o voto feminino. A data 9 de julho, início da Revolução, é comemorado até os dias de hoje.
Estação Ferroviária de Botucatu
A Estrada de Ferro Sorocabana foi fundada em 1872, sendo seu primeiro trecho de linha aberto em 1875 até Sorocaba. A linha se expandiu até Presidente Epitácio, nas margens do rio Paraná e, no decorrer desta expansão, a EFS construiu diversos ramais e passou por fusões como a Ytuana.
Em 1889 a Estação Sorocabana era inaugurada na cidade de Botucatu, fato que conduziu o avanço no desenvolvimento comercial da região impulsionando principalmente o comércio cafeeiro.
A expansão da linha ferroviária rumo ao interior se caracterizou como um fato relevante na expansão e crescimento de Botucatu e de outras cidades do Oeste Paulista. A linha primeiramente pertenceu à Estrada de Ferro Sorocabana e, mais tarde, passou trocas de proprietários e fusões até se incorporar à Fepasa.
Em 2016, a Estação Ferroviária de Botucatu foi oficialmente reaberta ao público após passar por um processo de restauro iniciado em 2012. O local agora se trata de um lugar de memória, o qual é destinado a preservação da história ferroviária e à apropriação como cultura da população.